Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Que saudades que eu tenho de ti meu filho... de ti assim! Quantos sonhos...
O meu primeiro filho, louro de olhos azuis... Aqui tu tinhas seis anos e eu... vinte e dois!
Falei contigo á pouco no MSN, não sabes o que me passava pelo pensamento enquanto ias falando... Já nada é igual!
Emigras-te para Paris há demasiado tempo... Como detesto a imigração! O afastamento transforma as famílias em quase estranhos.
Lembro aquelas longas noites , tu já adolescente e eu...? Pouco mais, conversávamos e víamos filmes até altas horas!
Não falo de ti para te distinguir dos teus irmãos... nem pensar! Adoro-vos a todos!
Mas tu foste além do filho, o amigo, o confidente durante muitos anos. E agora é tudo tão diferente, que só hoje soubeste que a tua mãe e amiga se divorciou há quase um mês...!
Poderia ter-te ligado, desabafado... mas nunca o fiz... não era necessário... Estavas sempre atento e quase adivinhavas se eu tinha problemas!
Mas eu entendo meu filho... tens a tua vida! Mas não posso evitar sentir como estás diferente... Isto é o resultado do afastamento da distância... da vida!
Tenho saudades de ti e também do teu irmão que está aí também. Sei que ele vai superando a maldita doença e que já está a trabalhar, embora a meio tempo; mas não foi ele que me disse... não falamos à meses é o feitio dele...
Tenho saudades dos dois, ambos são meus filhos... Mas tenho ainda mais do amigo que fui perdendo com o tempo, a distância e a vida!
Ando perdida nestes sonhos verdes
De ter nascido e não saber quem sou,
Ando ceguinha a tatear paredes
E nem ao menos sei quem me cegou!
Não vejo nada, tudo é morto e vago…
E a minha alma cega, ao abandono
Faz-me lembrar o nenúfar dum lago
´Stendendo as asas brancas cor do sonho…
Ter dentro d´alma na luz de todo o mundo
E não ver nada nesse mar sem fundo,
Poetas meus irmãos, que triste sorte!…
E chamam-nos a nós Iluminados!
Pobres cegos sem culpas, sem pecados,
A sofrer pelos outros té à morte!
Florbela Espanca -